A tola busca.


                       
  

       Oss!

      Ao adentrarmos no universo das artes marciais, percebemos por vezes muito mais uma tola busca por vaidade do que  por conhecimentos. Especificamente posso falar do ambiente do Karate-Do o qual convivo a alguns anos. Embora tenha certeza de que no Tae Kwon Do havia isso, assim como também profissionais de Kung Fu que conheço, afirmam existir tal problemática no ambiente deles.

      Mais interessados em obter um Dan no papel e ostentar, estão a maioria dos que estão nesse universo. Há aquele que realmente busca um valor, técnicas e conhecimentos longe desse vazio tosco da vaidade, mas esses como eu, obrigatoriamente precisam lidar com tais figuras.
Não posso falar por ninguém, mas eu pessoalmente não tenha ânsia alguma de buscar graus mais elevados tão cedo mesmo embora tenha tempo para isso, mas penso que mais me vale buscar conhecimento do que grau no papel.

                                            
    

      Inicialmente o leigo sonha em ser um faixa preta e na maioria das vezes, este pensa ser o final da caminhada sem saber da existência dos Dans. Muitos pensam  em entrar numa escola de Karate-Do ou qualquer outra arte marcial, pois estamos falando de um mal humano que atinge todos os praticantes de todas as artes marciais, ou seja, a vaidade, e com isso ao descobrirem a estrutura da coisa, existência dos graus a serem conquistados e todo o status existente no ambiente, logo querem correr para serem 3º, 4º, 5º grau etc.

                              

     Neste processo dentro da cabeça desses que mais pensam no status e glamour existentes em portar esse ou aquele grau, mais importa esses aspectos do que o conhecimento. Mas por outro lado existem aqueles mestres que se incomodam com o crescimento dos que vieram bem depois deles e por isso, já começa aquela tal falta de Budo em criticar uns aos outros dentro do universo da arte marcial praticada.

                                             

    Com isso notamos claramente a quebra dos valores por parte de muitos por variados motivos errados, quero dizer, alguns mestres não querem que o novato suba de grau e o alcance em virtude de que este mestre sabe que o outro sentará  logo ao seu lado numa banca examinadora tendo este recém formado em grau alto e por vezes alcançado o mesmo grau do mais antigo, tendo entrado na arte muitos anos depois daquele que já é um veterano na arte. Neste momento mesmo que o formado em determinado grau seja verdadeiramente merecedor e apto a portar tal grau, ainda assim o mais antigo se incomoda. Entendo quando o incômodo do veterano venha do conhecimento da realidade de que daquele que alcançou determinado grau não tem o conhecimento necessário pra tal, mas quando determinado individuo possui de fato tal conhecimento, não vejo o porque desse ou aquele incômodo, se tal incômodo por vezes acontece de mestre para mestre de federações distintas.

           
                

     Eu mesmo quando comecei meus estudos de Karate-Do Shotokan Ryu, haviam pessoas que estavam na faixa laranja, verde, roxa, marrom etc. algumas pararam na verde, outras ficaram na marrom e eu alcancei antes desses a faixa preta mesmo tendo feito o tempo certo de estudo para tal. O que deve ser entendido também no ambiente marcial, é que cada um tem um tipo de vida diferente do outro e com isso seu ritmo. Uns param de praticar voltam tempos ou anos depois e não podem exigir ter mais grau do que aqueles que começaram no caminho depois desses, mas por sua vez não interromperam seu treinamento. Então quer dizer que se eu voltasse para o Dojang de Tae Kwon Do que estudei iria exigir ser mais graduado do que os que estão ali e vieram depois de mim só porque um dia comecei antes? Portanto cada caso é um e quem para de treinar, não deve invejar o que não parou de estudar.

                                       

     Esse seria outro tema que divide opiniões, pois cada mestre possui uma determinada forma de pensar sobre o tempo em que a pessoa deve estudar a arte para alcançar a faixa preta. Eu e até mesmo meu mestre alcançamos dentro de sete anos cada um obviamente com um histórico diferente. É interessante, pois já vi avaliações absurdas em termos de exigências de tempo de prática para obter a faixa preta que me fez lembrar absurdos dos anos oitenta, quando ouvíamos de alguns ignorantes no assunto que diziam que para se formar um faixa preta de Ninjutsu, o cidadão deveria estudar por quarenta anos rs.

                                          
          

     Sei que neste universo turbulento do Karate-Do e das artes marciais, não cabe a nenhum de nós cobrarmos mutuamente atitudes de Budo uma vez que não se segue a risca tal proposta de caminho de iluminação repetindo o mesmo erro de milhares de religiosos, pois onde que num caminho de iluminação vai haver a permissão da existência entre os seguidores de tal caminho a inveja, vaidade e tantos sentimentos que não condizem com a proposta?

                                      

    Por isso noto cada vez mais que todo ambiente humano é igual independente da proposta deste ambiente ou grupo de pessoas, pois não sou evangélico, mas tenho a consciência de que se pegar a Bíblia seja ela católica ou protestante, lá constatarei que constam os mesmos defeitos humanos que vivenciamos dia a dia na sociedade. Isso significa que você pode seguir qualquer proposta religiosa ou filosófica, mas se não se combater internamente, você vai ter atitudes as quais existem a milênios no ser humano.

                                              

    Por isso é certo dizer que assim como nenhuma religião salvará ninguém, mas sim a própria pessoa, assim é com o Karate-Do e com toda e qualquer arte marcial, pois se não houver uma busca interior e transformação interna com auxílio do Karate-Do ou qualquer arte marcial que você pratica, tudo se resumirá na qualificação técnica dentro de uma arte marcial e uma filosofia da boca pra fora, ou seja, que funcionará bonitinho nos discursos, mas não a rigor diante das pessoas, pois a partir do momento que acontecer de outro chegar ao seu grau, este lhe incomodará ou mesmo  acontecerá o incômodo só por conviver com outro adepto de outra arte marcial também como vimos na década de noventa muitos adeptos do Jiu Jitsu que não toleravam outros praticantes de outras artes marciais e queriam sempre encarar os mesmos contradizendo a filosofia das artes marciais, pois este guiado pela vaidade nos anos de estudo e pela falta de lapidação interna vai ter em mente aquele famoso pensamento de que só a arte marcial dele é a boa e por isso as outras são um lixo. Aí vemos claramente a coisa ser regida pelo orgulho, vaidade e pela hipocrisia e falsidade.

                                         

    Portanto não busquem graus no papel, mas sim conhecimento porque ele sim te faz verdadeiro, pois o grau no papel e a falta de conhecimento, podem te fazer cair e sucumbir dentro de um quadro terrível onde muito lhe será cobrado e se você não tiver o que oferecer dentro do que de farto você deveria saber e ser, sua situação ficará ruim e passará vexames.

    Pensem antes de fazer um exame de faixa se merecem ser essa ou aquela graduação alta, pois eu entendo que você tenha uma falha aqui e outra ali da faixa marrom para a preta, mas dali em diante, os erros devem ser cada vez menores.

    Oss!

    Sensei Allan Franklin.

                               

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