A sabedoria do Samurai



      Oss!

      A cada semana tento dedicar o meu tempo ao Karate-Do. Isso ocorre de várias formas, pois tenho meus treinos, meus estudos e pesquisas relacionados a arte, assim como a dedicação e idealização dos vários temas semanais que trago prazerosamente a vocês.

     Me comprometer com a arte é um prazer assim como executar o programa, mas fazer de forma a qual agrade as pessoas e alcance a mente daqueles que possuem pensamento claro sobre a arte as vezes é muito difícil, pois sempre existem as dificuldades disso se concretizar em virtude da realidade de que o Karate-Do é percebido por cada um de nós de uma forma.

    Uns o veem de forma mais nipônica e acreditam que a concepção deixada por Masatoshi Nakayama  é a única e autêntica sendo também a única que pode ser chamada e considerada como tradicional. Já outros como eu por exemplo, como o Sensei Ricardo Aquino, Sensei Bruno Bighi, Sensei Flávio e tantos outros que conheço, acabam vendo as ligações dessa arte com as suas raízes em Okinawa e por isso, possuem uma visão particular da arte que nos permite uma fluidez e amplitude maior, mas ainda assim nenhum de nós deixa de executar e ver a arte como os japoneses também a veem.

   Falar de artes marciais como Judo, Ju Jutsu brasileiro ou tradicional, Aikido, Aikijujutsu, Yawara Jujutsu, Kito Ryu Jujutsu, Fusen Ryu Jujutsu etc. é falar automaticamente da cultura Samurai, mas falar de Karate-Do não é o mesmo necessariamente.
Certa vez li uma matéria a qual não posso dizer se o que dizia nela era autêntico, mas dizia que os Samurais chamavam os guerreiros  de Okinawa que lutavam sem armas ou no mínimo as armas do Kobudo, de Ryukyu Samurais.

    Isso sendo ou não uma verdade, sabemos que o Karate praticado em Okinawa com toda a sua herança chinesa, não foi mais um estilo de JuJutsu(artes de lutar as mãos nuas praticadas pelos Samurais e que possuíam diversos estilos) e também jamais em realidade usou qualquer termo nipônico como Jutsu(técnica ou arte) por exemplo.

   Mas com a introdução do Karate de Gichin Funakoshi que em realidade era o resultado de seus estudos de  Shuri-Te com Azato e Shorin Ryu com Anko Itosu, inevitavelmente para que esta arte fosse aceita em solo japonês sendo uma arte marcial com estrutura chinesa e passado também, ele aproximou a arte que levava de Okinawa para o Japão que simplesmente considerava apenas Karate sem intenção de criar  algum nome de estilo, da cultura japonesa e artes Samurais.

    Portanto aderiu a novos nomes de técnicas, novos nomes de katas e por aí foi. É inegável que tal introdução do Karate de Gichin Funakoshi no Japão, não teve a introdução apenas do "Do" que provinha do Budismo assim como também não teve só a introdução do nome Shoto  que era uma forma que ele mesmo assinava seus clássicos poemas que foi ligado a sua sala de treino, mas também foi aderido todo o estilo Samurai, etiqueta dos mesmos e a cultura desses guerreiros japoneses que ironicamente eram os adversários dos guerreiros de Okinawa que usavam o Karate contra eles estando desarmados devido a proibição do uso de armas pelo império japonês.

   Independente de todo contexto histórico e contradições culturais que encontramos nesse processo de estudo identificando o conflito cultural China e Japão e todo preconceito mutuo entre esses povos, o Karate-Do é o resultado da fusão dessas culturas e como o narrado, foi vinculado a cultura Samurai.

Obviamente sabemos que o Karate de Okinawa pode ter chegado no Japão provavelmente nas mãos de guerreiros da ilha e quem sabe até algum Samurai tenha aprendido alguns elementos dessa arte após algum duelo com alguém de Okinawa e isso tenha dado origem até quem sabe, a algum desses muitos estilos de Jujutsu, que contam com alguns atemi-waza.

    Espero que o programa desta semana seja mais um instrumento de estudo para todos os karatecas e budocas que nos acompanham.

    Uma excelente semana para todos nós e que ela seja iluminada!

    Oss!

    Sensei Allan Franklin

                                          

    

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