Karate-Do Shotokan Ryu, uma arte ainda secreta
Oss!
Com certeza os anos se vão e outros chegam como agora 2016, e o estudo da nossa arte marcial fica cada vez mais complexo e de difícil entendimento. Juntamente a isso, os conflitos entre praticantes de Karate-Do de escolas para escolas que pouco falta para marcarem entre eles desafios, pois cada um desses crê e se intitula como verdadeiro representante e seguidor do autentico Karate-Do Shotokan Ryu de Gichin Funakoshi.
Acredito que o que estes ignoram é que de lá para cá, ou seja, do Shihan Gichin Funakoshi até os dias de hoje, muito se resgatou do antigo Karate que o mestre Funakoshi conheceu e aprendeu, mas que por motivos quase que espiritualistas ligados ao “Do” e por uma nova percepção de uma sociedade que nascia naquele início do século XX, não teria colocado claramente em seus ensinamentos dentro do novo Karate que surgia.
Enquanto muitos de nós aqui perdemos tempo em nos digladiarmos entre nós defendendo que essas ou aquelas técnicas existem no Karate-Do e ao mesmo tempo muitas das nossas federações e associações nem reconhecidas são pelos japoneses, devemos refletir mais sobre essa arte marcial e estarmos atentos, mas abertos para um estudo sério do que possa existir no currículo do Karate-Do, mas que possa ter se perdido com os anos em virtude da propagação do Karate-Do no mundo moderno.
Enquanto alguns se esforçam para que a arte seja um esporte olímpico reconhecido, outros nos bastidores deste caminho marcial percebem o quanto de técnicas existe nesta arte marcial e que ao longo das décadas mestres como Hirokazu Kanazawa, Tetsuhiko Asai entre tantos outros com seus estudos chegando a Okinawa e até a própria China, resgataram tantos ensinamentos para nós.
Assim como o estudo não termina nesta arte e cabe a nós estudantes de hoje continuarmos a estudar em fontes sérias, muitos de nós sabemos o quão se faz necessário tal resgate sincero e honesto e não necessariamente uma mescla com outras artes marciais e uma propaganda do que seja o antigo Karate-Do.
Não preciso ser o melhor do Karate-Do e nem você que está lendo tal texto, para que posamos ser verdadeiros. Não precisamos ter nome famoso no Karate para reparar o que é certo e o que é errado. Para ter maturidade dentro deste caminho tenho visto que além de treinar, devemos observar os grandes nomes que vieram da antiga JKA.
Foi através desses que chegaram aos dias de hoje, tantos conhecimentos e ensinamentos fora do âmbito esportivo. Como eu disse no programa do site Artes Marciais Fight disponível no You Tube estando na presença do Sensei de Karate Leandro Cabral responsável pelo próprio site, Kiosanin Gustavo Cranon do Tae Kwon Do ITF e do professor de Muay Thai Marcio Felipe, as pessoas se baseiam no que vêem em campeonatos e crêem que as artes marciais expostas ali, são apenas aquilo que é mostrado em tais campeonatos.
Devo ressaltar que isso vale para as artes marciais expostas também no MMA, pois o Ju Jutsu brasileiro, o Muay Thai, o Karate etc. expostos ali, não se resumem aquilo. Assim como o Karate, Tae Kwon Do, Judô e o próprio Ju Jutsu brasileiro se adequam cada vez mais ao formato competitivo, o MMA também exige o mesmo dessas artes marciais ali.
As pessoas julgando o Karate-Do pelo que vêem em seus campeonatos e por verem muitos karatecas buscarem o Judô e Ju Jutsu ou qualquer outro sistema de luta agarrada que conta com projeções e quedas, desconhecem que o que não faltam são torções, quedas e projeções incluindo o que chamamos de kumiuchi que é a nossa luta no solo no próprio Karate-Do.
Hoje se você apresenta mesmo como no meu caso, no meu canto e sem querer criar muito estardalhaço o Karate-Do com tais técnicas, alguns crêem que o que você ensina não é o Karate-Do tradicional, mas sim Karate Jutsu que nada mais é do que uma mudança comercial no nome. Sem contar que há quem misture muito Ju Jutsu com o Karate e diga ser Karate Jutsu. Resumindo, a bagunça é grande!
Quem tem a oportunidade de estudar com o Shihan Kung ou mesmo de observar uma aula dele, facilmente vai perguntar se aquilo realmente é o Shotokan puro. É justamente por isso que bato na tecla de que temos que estudar os kata a fundo para que possamos dentro do possível cada vez mais incorporar as argumentações existentes nos kata, nos kumite.
É normal buscarmos a praticidade numa luta com os movimentos práticos e agirmos de maneira a defender e bater logo, mas se buscarmos dentro do contexto real de aplicação das técnicas dos kata e aplicarmos num combate exercitando sair da zona de conforto acredito que nos permita dá um salto em termos de habilidades em luta, como também em compreensão da arte.
Eu mesmo estou trilhando o início desta estrada, mas como disse, não preciso estar no meio nem muito menos bem adiante nesta estrada, para que então eu perceba que este é o caminho correto para mim.
Quando falamos muito, muito nos é cobrado, mas ao mesmo tempo se nos calamos em função dessa cobrança, nada é mudado.
E sendo assim marcharemos todos uniformemente na senda da mesmice. Buscar as técnicas perdidas do Karate-Do Shotokan Ryu tem sido trabalho de muitos veteranos japoneses ou não desta arte. Não cabe a nenhum de nós da atualidade tal mérito de sermos reconhecidos como a geração que resgata a arte, pois os veteranos já buscavam antes e já sabiam. Se assim não fosse, nem o pouquíssimo que aprendi e o muito que tenho que aprender com o Shihan Kung sobre este Karate-Do praticamente ainda secreto, não teria aprendido e a oportunidade de saber da existência dessas técnicas.
Sabemos que o Karate tem suas raízes no Kung Fu e que se desenvolveu em Okinawa tendo várias fases como Tode, Shuri-Te, Naha-Te e Tomari-Te. Mas estudando mais aqui e ali em fontes sérias e que contam com pessoas sérias e com mais estrada na arte, vemos que houve mais influências e histórias que envolvem até mesmo o que chamavam de Tegume. E daí teriam saído às técnicas de projeção e imobilização do Karate-Do.
Há quem diga que as técnicas de mãos abertas num kata de Karate geralmente indicam que tais técnicas originalmente eram usadas para segurar ou agarrar o adversário para então aplicar uma imobilização ou projeção. E quanto mais antigo for o kata mais encontramos movimentos com as mãos abertas. Poderíamos citar os kata da série Bassai, Hanguetsu etc.
Mas como vemos um Karate focado em pontos e em apresentações de kata quase que de forma teatral sem a preocupação da busca de aplicações das técnicas dos mesmos em kumite parecendo kata ser uma coisa e kumite outra, digo que a coisa se perde a cada ano. As avaliações e critérios em campeonatos e dos professores de hoje do que seja um bom kata apresentado, diferem muito pelo que ouço dos veteranos de como era no passado. Eu prefiro o velho ao novo.
É possível encontrarmos muitas técnicas de projeções no Karate-Do Shotokan Ryu como Goju Ryu, Shito Ryu etc. Temos que ser sinceros e observar que muita coisa mudou até mesmo no próprio Japão e há quem descaracterize a coisa até por lá! Essa onda de se ganhar dinheiro e viver do Karate-Do e não para o Karate-Do, vem de lá mesmo. Portanto deixarei aqui algumas fotos e técnicas para que os amigos possam estudar e pesquisar a respeito da profundidade da nossa arte marcial.
Há registros como todos sabem, de que o Shihan Gichin Funakoshi teria retirado de sua arte algumas técnicas mais agressivas, mas acredito que nem tanto assim saiu da nossa arte, pois acredito que muito foi resgatado desde sua partida do mundo, pelos próprios alunos e seguidores. Até porque com o crescimento da arte e popularização mundo a fora, os ocidentais começaram a dominar a coisa e ser um problema para os japoneses. Tal fato é registrado em alguns livros, ou seja, sobre a preocupação dos nipônicos com os lutadores ocidentais mais altos, mais fortes etc.
De fato vivemos um panorama atual que possibilita o forte ter técnica e o fraco que contava apenas com a técnica, pode se ver em desvantagem. Este é o preço da popularização das artes marciais. Até mesmo o Ju Jutsu dos Gracies conhecido como Ju Jutsu brasileiro, hoje está nas mãos dos adeptos da musculação e de fato o fraco sua mais para se defender do forte. Repito o que já dizia o Shihan Morihei Ueshiba do Aikido:
“A arte marcial de hoje não será a arte marcial de amanhã!”
E ele se referia ao tempo dele! Por isso o resgate de um Karate-Do completo para nós mais que se faz necessário!
Podemos ver claramente que o mestre Gichin Funakoshi sabia e ensinava o Karate-Do de modo marcial. Por isso mesmo podemos dizer que quem diz que defende o Karate-Do Shotokan Ryu tradicional e só pratica o aspecto esportivo da arte, se trai nas palavras.
Podemos ver nessas fotos o quanto o Karate-Do Shotokan Ryu é marcial e desconhecida
Gyaku Tsuchi- marreta invertida
Podemos observar muitas projeções no Karate-Do Shotokan Ryu de Gichin Funakoshi, concretizando assim a ideias de que ele trouxe a essência do Karate praticando em Okinawa. Com isso não deixa a desejar nada para os estilos praticados na ilha.
O Karate-Do Shotokan Ryu em sua essência.
Vale explicar aos amigos que acompanham o blog do Programa Karate-Do e o programa em si, que o que repito muito e trago aqui nesta matéria sobre o quanto o Karate-Do Shotokan Ryu é uma arte marcial em si antes mesmo desse esporte olímpico que brilhará em 2020 nas olimpíadas, que não é porque esta arte marcial seja em si uma arte de guerra como as fotos mostram, que não possa se destacar como um esporte, mas ao mesmo tempo vale ressaltar que não é porque o Karate esportivo ganha espaço e notoriedade a cada dia mais, que o Karate-Do Shotokan Ryu tradicional no aspecto marcial deva ser deixado de lado e muito menos esquecido.
Esta arte se mostra tão rica aos nossos olhos, que se olharmos com mais atenção, observaremos que se trata de uma arte de estudo para toda vida. E sendo assim merece nossa consideração em ambas as vertentes e o respectivo respeito nas dois caminhos, cabendo assim, respeitarmos e apoiarmos ambos os lados. A diferença é que o Karate esportivo favorece cada vez mais os jovens pelos aspectos dinâmicos, mas que oferece também uma boa aprendizagem e experiência para aquele que quer conhecer e ter um período de experiência competindo.
Eu pessoalmente nunca tive verdadeiro interesse nessa vertente e noto claramente diferenças nessas duas buscas e caminhos, mas não posso dizer o que seja melhor para você seguir. Tenho uma criação no Karate-Do Shotokan Ryu voltado para o trabalho marcial que me é passado pelo Kyoshi Kung desde o início. E assim procedo quando ensino, mas isso também não quer dizer que não venha a buscar um entendimento da arte que venha me trazer interpretações diferentes das passadas para mim pelo meu Shihan o Kyoshi Kung.
Por isso trarei sempre os esclarecimentos do que estou ensinando nos vídeos com aulas e explicações que estão por vir do que me foi passado e do entendimento próprio que tive dessa ou daquela técnica. Portanto procuro sempre mostrar as coisas da maneira mais clara possível e sempre deixando claro que minhas dicas e estudos ainda que muito diminutos, servem e servirão para aqueles que já estudam com seus professores e mestres não cabendo a responsabilidade do meu trabalho feito aqui na internet, formar faixas pretas.
É interessante que este detalhe fique claro, pois meu trabalho na internet é dirigido a aqueles que querem conhecer um panorama da arte e estão no período de escolha se estudam ou não o Karate-Do antes de irem a um Dojo desta arte. Como também deve ficar claro que é um trabalho dirigido principalmente para aqueles que já estudam essa arte. Não acreditem que terão maturidade para aprender verdadeiramente Karate-Do por aqui ou por qualquer livro ou site, aqueles que ainda não estudam Karate-Do. Quem anda formando pessoas em artes marciais via internet, muito erra e gera uma falta de seriedade no ambiente marcial trazendo assim profissionais no papel, pois a experiência no Dojo com um profissional se faz necessária.
Oss!!!
Sensei Allan Franklin
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