Ser ou parecer ser



          Oss!


          Vivemos num mundo globalizado e que nos exige qualificação muito maior do que outrora. Isso possui aspectos positivos, pois é sinal de que a sociedade exige  um nível melhor de educação, instrução e preparo para o mercado de trabalho. Por outro lado percebemos claramente que muitas realidades não mudaram e diante disso, vemos pessoas as quais não conseguem atingir o resultado que o mercado de trabalho e sociedade esperam desses.
           Nem todos os casos se encaixam a indolência ou o desanimo, mas sim muitos encontram reais dificuldades para lograr êxito nas áreas buscadas por essas pessoas e por pura falta de dinheiro, oportunidades e portas abertas.

           Se muitas áreas da vida hoje não são como outrora, ou seja, se o formato social de hoje não atende as expectativas do velho formato de se viver, mas nos é exigido a velha forma das coisas serem, isso significa que ainda há muito desequilíbrio na nossa sociedade.
Vale lembrar que  tudo isso se enquadra nas artes marciais e em tudo, mas cabe a nós administrarmos o mundo atual interno e externo.

           Os amigos leitores do blog devem estar se perguntando o que todo esse contexto tem a ver com o Karate-Do ou com as artes marciais não é mesmo? A resposta se faz fácil de ser respondida aos amigos. Hoje vivemos numa sociedade que pais ainda exigem que suas filhas encontrem um bom partido e esse bom partido nada mais é do que um cidadão com a vida montada e feita. Tal realidade não condiz. Então muitas pessoas por aí fingem ser o que não são para os vizinhos, amigos e até para os familiares. Agindo assim, essas pessoas ficam parecendo ser uma coisa que não são.
           E o mesmo ocorre com o ter, quero dizer, elas fingem ter situações e posições que não vivem, só para dar satisfação a sociedade. Isso ocorre no ambiente do Karate-Do onde temos muitos graduados faixas pretas sem qualidade técnica pra isso.

           Muitos querem o grau na cintura mesmo que não possuam maturidade para tal. Eu mesmo quando fiz meu exame para Kuro Obi Shodan, ou seja, faixa preta 1º Dan, também cheguei lá com deficiências, mas já possuía conhecimento para portar tal grau. É ilusão acreditar que chegará sem falha alguma estando na faixa marrom prestando exame para faixa preta.

            Mas ainda assim para obter o grau faixa preta o individuo deve entender o que estudou por no mínimo sete ou oito anos. Fora isso é realmente pagou passou. Não espero de um aluno que seja invencível, que seja agressivo em kumite ou mesmo que pense em vencer a todo custo, mas sim espero de um aluno que o mesmo entenda a essência do que estudou, pois a prática do kumite e a excelência no mesmo, vem com o tempo para todos nós.

           Por mais cercados de filosofias e valores que estejamos na prática e estudo do Karate-Do Shotokan Ryu, ele nada mais é do que uma arte de lutar e lutar envolve violência de ambos os lados. E essa luta deve ser administrada por ambos os lutadores. Se você realmente entende o que faz, a tendência é ficar melhor em cada luta.

            Mas não estamos falando de Boxe ou qualquer arte de lutar ou técnica de lutar que seja uma coisa só tecnicamente e que cabe a nós termos um bom condicionamento físico, um bom jogo e estratégia para lutarmos bem! Estamos falando de uma arte marcial que nos exige verdadeira compreensão de sua estrutura e por isso mesmo nos dá muito mais trabalho para ser compreendida tecnicamente falando. É tão real tal problemática da compreensão do que seja lutar usando o Karate-Do, que vimos por toda uma década o desprezo e subestimação do Karate só porque alguns lutadores dessa arte não terem representado bem diante de lutadores de outras artes marciais.

            Portanto hoje devemos ter a consciência de que temos que verdadeiramente entender a estrutura dessa arte e portarmos o grau na cintura e papel que temos deve existir realmente na mente e no corpo. Então no Karate-Do temos que ser e não parecer ser um faixa preta. Devemos ter o conhecimento e não parecer ter. Isso não cabe no universo das artes marciais.

            Esta semana trarei no Programa Karate-Do minha concepção de uma maneira mais clara sobre o Karate-Do e colocarei minha opinião sobre a luta do primeiro filme da sequência: "O grande mestre" que se baseia no personagem central Ip Man. Comento em tal vídeo sobre o quanto poderia ter sido mais fluida a luta entre o general japonês mestre de Karate e Ip Man.
           Partindo daí comento que podemos e devemos sim trilhar no caminho tradicional do Karate-Do Shotokan Ryu e crendo em sua eficiência, mas que devemos estar aptos a transitarmos em outras formas de usar o Karate-Do Shotokan Ryu de uma maneira diferenciada nos baseando no adversário e arte que está na nossa frente.

             Tal maneira variará de acordo com a concepção de cada um e com os seus próprios estudos. Não falo de mudar ou criar estilos, mas sim manter se neles mas ter a mente livre para sabermos lidar com o Karate-Do enxergando que não existe imposição de uma arte sobre outras e que uma metodologia não vence todas. Isso é pura ilusão e teimosia! Princípios técnicos dentro das artes quando bem usados, podem e devem ser mantidos, pois em essência podemos dizer que é isso que consiste uma arte marcial, ou seja, seus princípios técnicos, mas não necessariamente uma forma definida e imutável.

             Por isso acredito que tal Programa Karate-Do desta semana que estará online segunda feira, será um tanto polêmico para aqueles que não gostam da minha linha de raciocínio  e que preferem ver a arte de maneira engessada não vendo assim que todos os grandes mestres de Karate-Do Shotokan Ryu foram muito além nos seus estudos e compreensão do que seja o Karate-Do  e por isso mesmo se destacaram e nos deixaram grandes legados.

             Então se entendemos verdadeiramente o que é o Karate-Do Shotokan Ryu, não teremos tanto risco de falharmos com nossa arte perante outros lutadores. Como disse antes, devemos ser o Karate-Do e não fazer, praticar ou qualquer coisa do gênero. Assim como a espada do Samurai era a continuidade do braço do mesmo para ele, assim deve ser a arte do Karate-Do e seu praticante. Ou somos a arte viva ou de resto serão apenas belos movimentos sem razão de ser. E daí para cairmos no ridículo é um passo.

            Um bom final de semana para todos e segunda feira o Programa Karate-Do estará mais uma vez online!

            Oss!

            Sensei Allan Franklin

            

           

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