A verdade absoluta.


   Oss!

   Durante toda a minha infância tive contato indireto com as artes marciais e com isso pude ter a oportunidade de aprender sobre o valor e respeito de todas. Meu pai um ex praticante de Capoeira estilo senzala, Tae Kwon Do tradicional e Tai Chi Chuan estilo Yang não tendo concluído nenhuma das aprendizagens desses estilos, mas tendo mais contato por mais tempo com o Tai Chi Chuan, me passou muito do respeito a todas.

   Já na década de oitenta quando a maioria sabia apenas de futebol e só quem praticava alguma arte marcial era realmente porque gostava do tema, pois a mídia não esboçava interesse algum pelo assunto e a única cultura sobre artes marciais que víamos era pelo cinema, eu já tinha conhecimento da existência  pelas leituras e visitas a escolas de artes marciais que meu pai fazia pra conhecer, de artes marciais como Aikido, Muay Thai que naquela época nem estava em evidência, Sipalkido(arte coreana das técnicas das andorinhas) Tae Kwon Do, Hapkido , Shorinji Kempo, diversos estilos de Kung Fu e até do Jiu Jitsu que pouco se falava naqueles tempos.

   Mas eu jamais imaginaria que no universo de cada uma delas havia tanta vaidade! Jamais imaginei naqueles tempos que em cada arte marcial haviam os donos de cada uma delas. Os donos são aqueles que defendem a arte marcial que praticam com propriedade tal que não admitem forma alguma distinta de pensar da deles e de seus mestres. Esses comumente acreditam que a arte marcial que pratica tem forma única e imutável.

  Como sempre digo, decerto que os fundamentos de uma arte marcial devem ser intocáveis, mas a expressão pessoal de cada um executando e compreendendo ao seu modo, é um processo que deve ser aceito pelos mestres. Repito, desde que os fundamentos sejam mantidos, a evolução do praticante deve ser avaliada com o devido cuidado pelo seu professor ou mestre sem preconceito, de modo que o mestre não espere ver um papagaio repetindo exatamente sem tirar e nem por o modo dele mesmo lutar, mas sim deve entender que aquele que mantém a essência e fundamentos vivos, mas que executa de maneira nova, é a continuidade da arte viva.

  Vamos refletir sobre essa arte marcial tão viva quanto nós que é o Karate-Do Shotokan Ryu e jamais engessa- la ,pois ela merece mais de nós. O Karate-Do que Kanazawa praticou no seu auge, não era o Karate de Funakoshi. O Karate que Kanazawa praticou em seu auge, era um Karate-Do refletido, estudado e baseado nos estudos próprios e voltas as quais Kancho Hirokazu Kanazawa  deu em outros estilos de Karate e outras artes marciais.

  Kanazawa para quem não sabe, estudou  além do Karate-Do Shotokan Ryu o qual estudou por toda a sua vida e representou, ele estudou também Karate Goju Ryu, Judo, Aikido no  Yoshinkan dojo do falecido Shihan Gozo Shioda discípulo direto de Morihei Ueshiba, estudou Tai Chi Chuan estilo Yang etc. E com esses estudos, obviamente teve sua mente mais aberta sobre o Karate-Do Shotokan Ryu.

  No Brasil tudo é questionado pelos praticantes dessa arte marcial, ou seja, questiona se o grau que os outros obtém, questiona se quem é ou não Karate-Do tradicional assim como quem são ou não os picaretas da arte. Uma coisa é mais do que certa, mas lamentavelmente muitos ignoram, quero dizer, o Karate-Do Shotokan Ryu já se apresentou de diversas formas distintas nas mãos de diversos mestres da JKA, mas a maioria enxerga essa arte apenas de um modo, ou seja, ao modo Masahiko Tanaka ou no máximo ao modo Kagawa. Dois monstros do Karate-Do Shotokan Ryu com certeza, mas não foram os únicos e isso deve ser refletido, pois a verdade absoluta sobre qualquer arte marcial, não existe.
                 
                  

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